domingo, 28 de fevereiro de 2010

domingo

Domingo é um perigo. Se a gente desliza um pouco vira um saco.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

brincando de bombona.

Sábado de bombona. Quarenta e seis bombonas. Um galpão. Trabalho.
Sábado de galpão. Quarenta e seis galpões. Uma bombona. Trabalho.
Bombona de galpão. Quarenta e seis trabalhos. Um sábado.
Galpão de quarenta e seis bombonas, sábado de trabalho.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

série: coisas que não precisa.

Às vezes eu acho que o mundo faz coisas que não precisa, como por exemplo amanhecer. Hoje minha mente, meu corpo, minha alma insistiam pra continuar escuro e quentinho.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

acordei hoje e senti assim.

Cura.
Vida.
Céu azul, rock pesado.
Vaidade em punho.
Quinta feira viva.
Descanso merecido.
Expectativas para Domingo.
Deitada na rede o dia inteiro.
Rede.
Balança tanto que quase vomita.
Porque enjôa, enjôa muito.
Balões no ar.
Cor.
Blusa de bolinha laranja.
Melodia em sinos.
Obras no quintal.
O dia indo embora.
A lua aparecendo na claridade.
O abraço afago, forte, firme, confiante.
Disposição para o amor.
Disposição para a dor.
Depósito no fundo de casa para a alegria.
Sonho lívido.
Olhar cúmplice.
Brisa de frescor do dia chegando, feliz.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

posto post em tópico, pra curar o dia.

- Ta armando um chuvaréu. Adoro chuvaréu. É quando o céu desaba. Normalmente ele já desaba na minha cabeça por outros motivos. Quando chove, ele tem uma boa justificativa pra cair.

- Hoje o dia foi (está sendo ainda) difícil. Por um lado é horrível. Por outro lado, gosto de dias difíceis. Eles dão graça à dor.

- Roí minhas unhas. A quanto tempo, Meu Deus, eu não fazia isso.

- Qual o limite da simpatia?

- Fico muito animada com os jogos de inverno de Vancouver. Engraçado, porque até pouco tempo nem sabia que eles existiam.

- Esse calor está infernal. Enfim, moro num país tropical, abençoado por Deus. E como já disse meu querido Professor Dr. Albino, Deus é brasileiro e passou por Barra Mansa.

- Descobri que não consigo ficar um dia inteiro sem emitir um sorriso.

- Estou com saudade de muita coisa. Não ta doendo ainda, mas ta aqui, existindo.

- Sinto falta da Sala Preta hoje.

- Preciso furar minha parede pra colocar os quadros. Benditos quadros, há um mês encostados na parede.

- Tenho medo de furardeira e de escada rolante.

- Queria mesmo agora um abraço e um sono leve, bem dormido até amanhã de manhã.

- Tenho ficado muito tempo sozinha. Ótimo pra quem se aguenta bem como eu.

- Preciso revelar algumas fotos pra poder registrar emoção e saudade na parede.

- Agora ta caindo raio junto com o chuvaréu.

- Pelas barbas do profeta, hoje ainda é quarta feira.

- Óh dia......

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

arrumar armário é arrumar a vida.

Metade do meu guarda-roupa só tem roupa preta. A outra metade só tem roupa branca. Uma parte só roupa preta de ensaio. Outra parte só roupa branca de trabalho. No meio tem as coloridas. Mas é difícil usá-las. Se não estou no trabalho, estou no ensaio. Se não estou no ensaio, estou no trabalho. Dentre as coloridas tem muito rosa, pra namorar. Tem verde e azul bastante pros bares e pros amigos.Mas de verdade, com todo respeito, tem dia que não preciso de roupa nenhuma pra identificar.Tem dia que só o que quero é sair pelada.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

di visão

É que vivo me dividindo. Estou aqui e estou lá. Sou uma e sou pouca, sou duas, três, oito e aí sou muitas. Nos dias de solidão sou uma só, sem divisão. Hoje por exemplo, sou três. Domingo é dia de três. Mas tem domingo que a divisão é múltipla de nove. Divido o tempo, o espaço, meus membros, meus olhos e olhares. Divido minhas unhas, minha mente. Divido opiniões, na verdade, opino muito pouco em público. Deveria opinar mais. Divido pensamentos. Divido rubrica. Divido a escrita nata. Alguns sonhos e deixar dormir não divido não. Mantenho-os unos. Mantenho-os meus. Sinto a vida mais ampla quando muitas eus estão a bailar. Sinto o universo inteiro ao meu redor. Pago o preço de me ter em mil. Não é barato. Nem dá pra pechinchar. No geral, a gente tem que saber das consequências dos nossos atos e ter peito (culhão) o suficiente pra aguentar o tranco. Isso eu tenho. Dividido também. Divido esse medo de pôr os pés pelas mãos. Divido minha vontade de ir embora em várias pessoas de mim. Dividindo parece que a vontade diminiu. Ou, dependendo do ângulo, aumenta. Ainda não sei dividir minha culpa. Essa é difícil. Ando aprendendo. Ando me perdendo também. Dividir-se não é mole. Mas eu gosto. Eu quero. Eu preciso. E cada eu é uma vontade. E divido minhas angústias. Divido minha espera. Divido o receio de perder. Perder pessoas, perder amores, perder amigos. Não dá pra dividir e nem dividir-se depois de uma perda. É indivisível. É inafiançável. Não dá pra pagar preço nenhum e dói. Mas o grande mote é ir lançando-se. Divido casa. Divido apartamento. Divido-me em dívidas pagãs. Divido ouro. E esse tenho pouco. Corro atrás do vento que me divide também. Estou sempre na aba da brisa. Agora essa, quente de verão. Divido massagem. Divido-me em água. Pura, fresca e estranhamente não divisível. Vivo me dividindo em metades que se juntam e formam alguém. Completamente líquida. Insólida. Sem pedaços.

série: folia em série.

*

*


*


*



*

*
*


*

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

devaneios de uma foliã feliz

cinzas quentes, pó.
maquiagem que caiu.
alegria que ficou no peito.
só quero não voltar.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

devaneios de uma foliã tristonha III

Mas é carnaval....e agora estou indo pro bloco. Estou indo.
Estou indo, veja bem.
Foliã tristonha é uma ova.
É a virada do momento.
É carnaval.

devaneios de uma foliã tristonha II

quero pegar a estrada.

devaneios de uma foliã tristonha.

Como é por exemplo que dá pra entender, a gente mal nasce e começa e morrer?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

baile

de cabelos aéreos, coloridos de sol, lua e mar, cheio de penduricalhos soltos, brinco de prata reluzente, cordão pendurado no pescoço, fita amarela na cintura, vestido rodado, rodando no baile, perfumado, incenso rei, mágicas essências ácidas, pó de rosto, branco da testa ao pescoço, mãos erguidas num balancê narcotizado, moderno, romântico, máscara no dedo, girando, ventando alto, rico olhar que atraía olhares, que fazia piscares, pulsares de corações bandidos, banidos, mancebos, perdidos, nobres, tenentes, sapatilhas de veludo, pés que se movem lustrando a madeira, antiga, daqueles tempos vivos, velhos de modos, etiqueta reta, nua, crua, espartilho amarrado, atarrachado, apertado, prendendo o ar, que não tinha, respirava alma, poeira de concha, soltava brisa azul de litoral africano e rodopiava num clássico som de arueiros musicados, batuques estridentes, sopros que encantam, com todas as canelas ao redor surgindo, indo e vindo, vindo e em vão alegrando a lágrima desses dias, vindo e ficando ternos na encantada fuga do opioso e escarlate carnavale.

FOLIA

Olha a cabeleira do Zezé.
Será que ele é bossa nova?
Será que ele é Maomé?
Parece que é transviado,
Mas isso eu não sei se ele é.

Corta o cabelo dele.
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

conversa pra passar conhecimento científico hereditário.

_ É facil, filha. É só multiplicar.
_Mas não to entendendo. Como vou dar 162mL pra criança se no potinho só vai até 10?
_Da onde saiu o 162?
_É na verdade 162,5.
_Você multiplicou certo?
_Ué, 650mg dividido por 4.
_Ta certo....mas ainda ta em miligrama.
_Ahm?
_Quantos mL tem na suspensão de 250mg, que é da Cefalexina?
_ Ah...Ta. Entendi.
(Silêncio)
_Tem 5mL em cada 250mg.
_É isso! Agora você faz a regra de três.
_ Ué, pra quê?
_ Pra descobrir o mL, caceta!
_Ah sim.
(Silêncio)
_ Mas como ?
_ Ai, meu Deus....Se em 250mg tem 5mL, em tanto tem xis.
_Tanto quanto?
_O quanto você calculou.
_Foi 162,5mg.
_É isso. Agora faz a conta.
_Tá. Em 162,5mg tem xis.
_Tira o meio.
_Porquê?
_Porque vai dar quebrado. Nenhuma mãe vai conseguir medir por exemplo, 5mL e meio naquele copinho!
_É. Tira o meio então. 162mg tem xis.
_(...)
_162 vezes cinco dividido por 250.
_É.
_ Calma. Cadê a calculadora?
_(...)
_Deu 3 mL. Mas só isso?
_ Uma criança de 12,500 é lactente ainda, 5mL é muito.
_Ahm.
_Viu? Agora você fez certo. Mas com o tempo você olha e já sabe. Nem precisa fazer conta.
_ Espero.
_Porque escolheu pediatria então? (risos) Aprende e treina.
_É, tenho mesmo. Se eu fizer isso na frente dos pacientes vou perder toda a minha clientela.
(risos)
(risos)
(risos)
_ Agora o da Amoxaciclina. Pra crianças de até 20kg, 20 a 50mg/kg/dia. Aí se tem 10kg, multiplico como? Será que dá pra fazer a regra de três antes? Tem macete não, pai?
_Êta, caceta.....Tu fudido. Sheila, falta quanto tempo pra essa menina se formar?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

futuro é um lugar que não existe. e eu insisto em fazê-lo vivo.

é que eu to longe agora.
estou num outro lugar.
estou insatisfeita.
estou vislumbrando meu futuro com a cena desse presente de hoje, tão claro e quente.
não gosto desse futuro com cena de hoje.
estou fugindo.
estou querendo isolar minhas pérolas e guardar meu amor dentro de uma garrafa.
quero jogar a garrafa no mar.
e aí só vou encontrar num outro tempo.
num tempo em que esse tamanho de responsabilidade que eu tenho hoje será passado cru e embaçado.
é que agora eu to perto de ser grande.
e eu não estou pronta pra ser grande agora.
domingo é dia de amigo, conversa e animação.
a preparação pro futuro vem só depois.
e , veja só eu, me preparando agora.
estou hoje com os ombros tensos.
vejo então que preciso de olhar.
preciso de carinho.
abraço com força meu sonho de ir embora.
pra longe, cavalgando em alguma ventania eu irei.
falta pouco.
um monte de coisa me dói.
mas esse reluzir de futuro presente me deixa rígida.
acabo por me perder em não-quereres.
é que hoje estou longe, mas estou dentro.
muito dentro de mim.
quero ar, flor, brisa, frio cálido azul.
quero amor de mãos dadas com aconchego de cama, sofá.
não quero onda.
não quero convenções.
cansei de convencer.
quero ser eu.
é que hoje estou longe, mas perto de mim.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010