terça-feira, 28 de dezembro de 2010

fim.

O melhor esconderijo, a melhor escuridão já não servem de abrigo, já não dão proteção.
Amanhã talvez esse temporal faça algum sentido. Dá pra se dizer qualquer coisa sobre todo mundo. Por hoje é só, vou deixar passar a ventania. Talvez amanhã, vento, vela e velocidade. Mar azul, céu azul sem nuvens. Logo ali, depois da curva, ali. Amanhã talvez esse temporal saia do caminho. Dá pra escrever, o papel aceita toda e qualquer coisa. Por hoje é só, vou deixar passar a tempestade. Talvez amanhã, água pura e toda a verdade. Logo ali, depois da curva ali. Logo ali, venci a curva ali.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

pra vocês.

Pra vocês Pretos, que fazem de mim raio de luz. Pórtico partido pro infinito. Pra vocês o que resta da minha escolha danada. Pra vocês meu caminho todo torto, que finge que vai mas ainda ta aqui. Pra vocês entrego meus melhores sorrisos e minhas melhores dores. Pra vocês sinto das melhores maneiras, com intensidades pouco econômicas e orgasmos múltiplos. Pra vocês me dou feita e inteira, como quem nunca sou em outro lugar. Pra vocês, que fazem da minha vida lua, sol, vento forte e aconchego. Pra vocês que entendem. Pra vocês que me acobertam nas traições mais oportunistas, que me deixam livre pra dizer não, que não se opoem quando choro por me sentir de fora. Pra vocês que sempre me fazem sentir de dentro. De dentro de nós. De dentro do que chamamos nosso, mas que nem é ainda. Pra vocês ofereço minha graça, minha raça, meu suor. Ofereço tudo o que não for ficar. Tudo que um dia vai me fazer partir. Ofereço minha saudade antecipada e minha lágrima combalida. Ofereço inúmeras contas altíssimas de telefone que irão chegar. Ofereço tantos emails quanto necessários pra me fazerem estar. Ofereço todo o futuro que está por vir. Minha formação, meu diploma, meu orgulho barato, minha vaidade escondida. Ofereço todo o medo que hoje sinto.

Deixo nas mãos de vocês as minhas.

Merda!

domingo, 19 de dezembro de 2010

devaneio...

você me perde todos os dias um pouquinho.
vai chegar o dia que não vai ter mais nada a perder.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Santos.

ai ai ai. Estou sentada, parada e os olhos do Sílvio Santos brilham pra mim da capa da revista. Domingo ele que completou oitenta anos me invade. Hahae. E eu continuo minha onda de ressacas carnais, morais, verbais. Continuo buscando o nome pro futuro bibelô da casa, que pode ser Martini, Vodka, Limão ou o clássico Totó. Mas aí eu ouço, mesmo antes disso acontecer, minha tia gritando e dizendo que Totó é o nome do Tony Ramos da novela e por isso eu dei esse nome a ele. E também sinto formigamentos nas mãos e no ventre. Acalanto histórias que existem e verdadeiramente são furtáveis de qualquer banco de dados. Acalanto pra dormir. E há três dias não dormia. Dormi ontem no sofá dos amigos. Ganhei até um travesseiro fofinho. Obrigada. E foi o cochilo das estrelas, debaixo de uma chuva torrencial e que acabou numa serenata inclusa e beijada por anjos carnais. Baaaahhh carnais, sempre carnal, é tudo carnal. Hoje com o Sílvio Santos me encarando aqui de cabeça pra baixo sinto minha garganta arranhando. E igual a Ana Carolina me vem um desejo doido de gritar. Estou iniciando um quadro de algum tipo de afecção faringeana. Ai ai aiiiiiiiii desejo bruto. Brutinho. E rio como quem perdeu o celular ontem. Não me liguem, estou sem chamadas. Estou inacessível aos olhares humanos dignos, porque sou toda descompromissada. Sem tirintimtim de telefone só me resta a escrita, poderosa ama da vida e o olhar do Sílvo sobre mim. Quase um Santo.

domingo, 12 de dezembro de 2010

juro.

Eu jurei que depois daquele dia nunca mais veria teus olhos ou deitaria aos teus pés. Jurei um não amor eterno de faísca enamorada. Jurei me embriagar e esquecer-te como vento quente de verão, que passa, esquenta e se esvai em ondas no mar. Jurei cílios no dedo da mão. Jurei abrir mão dos comes e chocolates e imantados amuletos de sorte qualquer. Jurei que por ti nada faria novamente. Jurei enterrar-te na lama debaixo do meu travesseiro e assim te fazer história antiga, mentira envergonhada que ninguém fala. Jurei abrir meus seios e meu vestido pra qualquer outro alguém. Jurei que nunca deixaria ninguém bater em mim outra vez. Jurei que não sentiria pena, nem remorso, nem arrependimento. Jurei e por tanto ter jurado me esqueço de sofrer e te tenho novamente no meu lençol, me fazendo cócegas e me jurando amor como promessa pra além dessa vida.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ontem.

Ontem eu envelheci de repente.
Porque senti inúmeras sensações ao mesmo tempo.
A alegria de levar espetáculos de rua para a periferia de Barra Mansa se fazia e se desfazia pela saudade e a dor de perder o amigo de ombro e de olhos que tenho certeza estaria mais feliz ainda de me saber levando teatro por aí.
Ontem cresci mais do que podia crescer em um dia.
E quando a pele cresce rápido demais pode deixar estrias.
Marcas que não são tratáveis e ficam pra sempre.
Tanto na alegria, quanto na saudade.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

e eu nem chorei.

Hoje ao voltar pra casa me vi desamparada. Extremamente preocupada com as coisas que estão por vir. Estou despreparada. E ainda pior, senti que irei perder algumas certezas em breve. Irei perder os melhores momentos que vivo. Perderei as seguranças e o conforto que tenho. E que jamais terei sua mão grande no meu ombro e nem seu olhar discreto sob os meus erros novamente. E percebi que não quero estar sozinha. Porque não sei de nada. E então fiquei com uma imensa vontade de chorar. E então engoli. E respirei fundo e tive a certeza de que hoje eu aprendi muito mais do que jamais pensei em aprender com ele. E eu nem chorei.
Obrigada. Muitíssimo obrigada. Ao meu mestre com enorme carinho.