segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ressaca.

Meus arrependimentos estão circunscritos a eventuais ressacas morais depois de um vexame num bar qualquer.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Tolosa-Hunt

Síndrome de Tolosa-Hunt. O que me cega é a vontade de querer ser tanto e cada vez mais e, de repente, perceber num súbito que não adianta, sempre se é o que se é. O que muda na verdade, é a maneira com que as outras pessoas nos vêem. E vale dizer que, diferente dos meus futuros colegas de profissão, eu ainda acredito nas pessoas, no ser-humano, nas gentes e nos seus olhares. Acredito que ninguém fica cego assim, sem motivo orgânico.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

complete ou imagine.

ele: _ _________________________________________

ela: _ Não ta não. Eu não durmo tem dois dias. Só tenho pesadelos.

ele:_ _________________________________________

ela: _Eu acreditei que você iria me segurar pra eu não cair, me proteger pra eu não chorar.

ele:_ _________________________________________

ela: _ Mas e se você dormir primeiro?

ele:_ _________________________________________

ela: _É porque eu tenho medo da sua inconsciência e da sua falta de memória.

ele:_ _________________________________________

ela: _ Porque você pode sair e me esquecer dormindo.

ele: _ __________________________________________

ela: _ Eu sinto muito, jamais quis ser um problema, mas estou ficando cansada disso tudo.

ele: _ __________________________________________
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ela:_ Promete?

ele:_ __________________________________________

ela: _ Então me liga agora e fala tudo isso pelo telefone.

ele:_ __________________________________________

ela: _ Porque eu preciso escutar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

parte por você

Descobri que meu teatro é feito da vida que me escapa a cada dia. E eu só guardo na memória o que se vai. transformo-me numa nostálgica e saudosa mulher quase negra que desabrocha nos teus braços. E como essa noite me tive abraçada e contornada porcompleto, sou ainda mais tua e mais atriz deixada pra trás. Ponho tantos desejos à mostra num véu translúcido. Posso até ir pra outros braços e outras bocas, o que jamais aconteceu, mas posso. Só que os teus, sempre teus é daqueles. Daqueles que não largam nem na distância da serra, nem na distância do mar. Nem tão longe quanto os alpes argentinos. E meus dedos, que tremem porque acordo tão elétrica. E os seus porque andas tão fraco. E uso todas as formas de juntar todas as diferenças pra fazer tornar véu um só ser. Incluída nessa vida de migalha, vivo esse teatro amor-dor-pecado-luta-amargo-sonho e me despeço pra sempre, com um enorme pesar, de coisas que me subtraíam enquanto mulher. Deixo pra trás pudor seco. Atraio orgias monumentais. Jogo feito de paixão a cada passo. Passo outras paixões e só quero você. E também me canso de declarar e implorar. Porque sei que o cansaço é travestido de abandono rápido sem nem sentir que se vai. Sei que quando se cansa, se ama menos. E então procuro cansar menos. Porque falemos a verdade, ninguém quer amar pouco. Porque meu teatro é de amor em excesso. Em dobro. Caio num ciclo dialético terrível, neuroléptico. Minha vida é feita de amor em excesso. Mas canso de implorar e amo menos e abandono, mas não quero amar menos, então procuro não cansar, então procuro não amar. Que paradoxo interminável é esse? Que me faz parar. Que afinal amor é esse que não sai pra lá? E só busca seus medos, suas aflições., suas mãos a me acarinhar. Ah, amor, se soubesse a ânsia de te deixar. Se soubesse o quanto morro por te ver partir e não falar. Ah contrária visão que tenho, que de posse te detenho, que de súbito te abandono. Todo dia, todo dia, todo dia.
Dorme comigo toda noite e me abraça. Assim quem sabe, te perco mais, pra melhor te ter nos dias que se seguem. Pra melhor me ter inteira no resto da vida. No teatro, na dor e fim.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Coro

Aqui,
não sabe nada,
quem acha que sabe
além do além,
daqui,
da órbita mortal
do pingo ao pó
a vida é curta
quem quer muito chegar lá,
nem chega a tocar, o que está
aqui,
ou é louco varrido
ou está querendo varrer

inabandonável.

Quando eu era criança eu achava que as coisas seriam diferentes nessa época. Imaginava outra vida. Imaginava outra cabeça em mim. Até, quem sabe, outro cabelo e uma aliança no dedo. Ora veja só. Quando a gente é criança a gente subestima a vida. Tenho saudade de quando eu achava que tudo podia ser de um jeito ou de outro. Não sei, mas as vezes tenho a sensação que eu perdi alguma coisa que não sei dizer o que. Parece que eu larguei partes de mim no meio do caminho. Não preciso mais de tanta coisa que antes eu precisava. Em compensação preciso de muita coisa que jamais imaginei que precisaria. A ambição de cair no mundo caiu em de mim discretamente e hoje eu caio em contradição querendo estar no mesmo lugar. Querer não deixar pra ser deixada. Abandonar tudo já não é mais tão bom. Tudo me é necessário e inabandonável. Sofro porque trouxe as coisas inanbandonáveis pra perto porque eu quis, e quero deixá-las rapidamente porque elas atrapalham meus outros sonhos. Mas elas não são deixáveis. E então pensando nisso tudo eu me confundo, me perco. Não posso mais chamar ninguém quando eu tenho um pesadelo. Ninguém mais quer acordar por mim. Eu to crescendo sem querer, talvez tarde demais. Talvez antes do que muita gente por aí. O problema é que eu sempre quis ser criança. Eu já cuido hoje de tanta gente. E não tem ninguém cuidando de mim. Ninguém me liga pra saber se eu to feliz, o que aconteceu no meu dia. Ninguém me pergunta se eu to cansada, se tenho anseios ou dúvidas, se tenho certeza do caminho, se estou apaixonada ou descrente. O mundo não dá a mínima pra adultos. E crescer é um fardo inabandonável.