sexta-feira, 28 de setembro de 2012

saudade do meu ir mão.

Ir, mão
Cair,
Caber, não.
No oco
Do soco
Que daria ou
No eco seco
Que o seu som
Faria
Contra:
Pedra
Espinho
Espelho espatifado
ou algo as
Sim, não:
Em algo
dão.

Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

entenda.

Entenda que a sua ausência disfarçada de compromissos muito importantes é um dia a menos. Entenda que eu nunca quero te magoar. Entenda que eu nunca quis. Entenda que sigo um caminho reto. Entenda que até então estávamos em momentos diferentes e de repente estamos no mesmo momento e eu não tenho direito a nada. Entenda que eu não sei combater seus argumentos, porém isso não quer dizer que eu os aceite e também não quer dizer que eu esteja errada. Já estive muitas vezes errada. Sinto que agora não estou. Entenda que eu vou parar de cobrar. Entenda que as vezes para a gente conseguir um resultado positivo, um sorriso, um telefonema, uma surpresa, é preciso deixar. Entenda que o meu temor nasce do cansaço e da solidão. Entenda que eu canso também. Entenda que a pior maneira de demonstrar afeto é à distância. Entenda que se pode estar a quilômetros de distância física de alguém e estar mais próximo do que se estivesse ao lado dela. Entenda que longe é um lugar que não existe. Entenda que meus gritos andam acordando a minha casa e a vizinhança inteira. Apesar de saber que meu silêncio vale mais. Entenda que sempre andei da maneira como sempre quis, sempre fui meu próprio líder. Entenda que agora, ando em círculos. Minha vida toda espera algo de mim. Entenda que eu preciso de companhia para demonstrar algo pra minha vida. Preciso de mãos, preciso de ajuda também. Entenda que o vazio ao meu lado ainda é você, minha papoula da Índia, minha flor da Tailândia, és o que tenho de suave e me fazes tão mal. 

Entenda que sinto que te perco a cada nuvem que passa pela minha janela. Entenda que eu não quero isso. Prefiro o sol. Entenda que ainda estou aqui. E o hoje o dia é tão bonito. Quem me dera que o mais simples fosse visto como o mais importante. Entenda que se você não acreditar nisso tudo você vai estagnar. Olhe o local e acredite. Entenda que eu também acredito, as vezes mais do que você. Entenda, porém, que eu tenho medo. Por isso deixo as vezes as luzes acesas quando você não dorme comigo. 

Entenda que uma vez eu quis me arriscar. Eu quis o perigo e até sangrei sozinha, entenda. Assim pude trazer você de volta pra mim. E foi quando eu descobri que é sempre só você que me entende do início ao fim. 

sábado, 8 de setembro de 2012

espaço

E o que faz esses dias ensolarados serem tão coloridos por dentro do meu corpo quando penso que ouvi o pastor do casório dizer que deve-se eliminar os "meus" do vocabulário e substituir por "nossos" eu nem sabia que já fazia isso e não prestava atenção fica difícil depois de um tempo prestar atenção esses dias fiquei lembrando dos primeiros dias que eu nem sabia onde estava amarrando meu jegue e poxa vida hein uool de jegue amarrado ando correndo pro abraço por aí e daí que eu não tenho facebook caguei só quero mais sol ensolarado na minha cabeça esse negócio de ficar de fora da vida sentindo pelas beiradas a doçura das peles dos alguéns vendo por foto o brilho dos olhos azuis ou verdes ou até as vezes transparentes porque tem gente que brilha tanto que o olho fica transparente e quando me abraça eu sinto que é tão forte que me machuca mas não ligo se machucar vai deixar só a melhor marca de carinho nunca pensei que a distância pudesse provocar tanta junção de mentes e calores e corpos e suores e ideias e provoca sim tão mais do que a proximidade que descarta as vezes o mais importante dos sentimentos e atiça o mais banal ciúme danado que quando pega não larga e sou eu e ele e agora a gente caminha junto e não bebe e eu revejo meus amigos por uma fresta coloridona e inteligente agora tudo a minha volta é inteligente o coletor a coletora o acesso o trânsito a paineira e tive que parar pra perguntar como escreve paineira se é com i ou sem i e quando questionada sobre o que eu faço eu digo que escrevo não sei nem porque mas é que de vez em quando tudo vem tão rápido que eu não consigo distinguir  os espaços porque a sociedade sempre cobra espaço pra tudo inclusive pro tempo que eu na verdade já nem quero mais saber disso apesar de que daqui a três anos serei aquela que sorri incessantemente enquanto a sociedade se afunda em lama sexo pó álcool e filosofia adoro carnaval adoro algodão e sei que agora adoro estar