quinta-feira, 11 de novembro de 2010

inabandonável.

Quando eu era criança eu achava que as coisas seriam diferentes nessa época. Imaginava outra vida. Imaginava outra cabeça em mim. Até, quem sabe, outro cabelo e uma aliança no dedo. Ora veja só. Quando a gente é criança a gente subestima a vida. Tenho saudade de quando eu achava que tudo podia ser de um jeito ou de outro. Não sei, mas as vezes tenho a sensação que eu perdi alguma coisa que não sei dizer o que. Parece que eu larguei partes de mim no meio do caminho. Não preciso mais de tanta coisa que antes eu precisava. Em compensação preciso de muita coisa que jamais imaginei que precisaria. A ambição de cair no mundo caiu em de mim discretamente e hoje eu caio em contradição querendo estar no mesmo lugar. Querer não deixar pra ser deixada. Abandonar tudo já não é mais tão bom. Tudo me é necessário e inabandonável. Sofro porque trouxe as coisas inanbandonáveis pra perto porque eu quis, e quero deixá-las rapidamente porque elas atrapalham meus outros sonhos. Mas elas não são deixáveis. E então pensando nisso tudo eu me confundo, me perco. Não posso mais chamar ninguém quando eu tenho um pesadelo. Ninguém mais quer acordar por mim. Eu to crescendo sem querer, talvez tarde demais. Talvez antes do que muita gente por aí. O problema é que eu sempre quis ser criança. Eu já cuido hoje de tanta gente. E não tem ninguém cuidando de mim. Ninguém me liga pra saber se eu to feliz, o que aconteceu no meu dia. Ninguém me pergunta se eu to cansada, se tenho anseios ou dúvidas, se tenho certeza do caminho, se estou apaixonada ou descrente. O mundo não dá a mínima pra adultos. E crescer é um fardo inabandonável.

Nenhum comentário: