quinta-feira, 31 de março de 2011

academicismo puro.

Acadêmico não pode opinar, porque não é residente.
Acadêmico não pode limpar porque não é enfermeiro.
Acadêmico não pode sentar, porque não é supervisor.
Acadêmico não pode almoçar porque não é funcionário do hospital.
Acadêmico não pode explicar porque não é médico.
Acadêmico não pode sorrir senão é inocente e bobalhão.
Acadêmico não pode ficar sério senão é antipático.
Acadêmico não pode pensar senão não sabe.
Acadêmico não pode ser bonito senão está tentando se aproveitar.
Acadêmico não pode ser desarrumado senão é desleixado.
Acadêmico não pode sair pra fazer xixi senão é desinteressado.

E ainda por cima, tem que usar crachá dizendo que é acadêmico, senão não entra na portaria.

Por isso que agora eu desisti de ser acadêmica. Sou médica.




terça-feira, 29 de março de 2011

la nariz rojo.

Desde ontem meu nariz ta escorrendo. Pode ser a mudança do clima ou a interna ânsia de sair pelo mundo. Ser palhaça de novo. Faz tanto tempo que sofro em vão. Sofrer de palhaça é muito melhor e bom, porque é jogo. Jogo não, Bernardo. Brincadeira! Porque é incrível como se aprende sem sentir. Com dois dias de contato físico, moral e quase espiritual. Agora que se foi e se diz que voltará nem acredito, mas sinto. Como se fosse reviver uma morada antiga. Cheia de nariz rojo, escorrendo antes pra transformar a palhaça em vida real.

segunda-feira, 28 de março de 2011

nhami, nhami, nhami.

Acordei hoje num ímpeto, subindo na cama e baixando os olhos pela cortina. Dava pra ver a luz do sol por debaixo dela. E você que me captura assim atônita, que finge sorrisos, que vibra comigo. Depois descubro que não me captura, eu é que deixo-me ir. Descubro que não finge, por mais que queira, porque me amas. Descubro que não vibra, faz extra-sístole.
Ontem você me pediu carinho. Se sentiu como? Como quando eu peço também, acredito.
Você que me cala com tantas verdades. Me machuca, me destrói, me cansa.
Faz um inhami com açúcar e me faz renascer de novo.
Eu, mais uma vez com declarações de amor pós fim de semana intenso. Eu que não desculpo sua honestidade, mas as tenho como pérolas dos meus brincos.
Eu que te tenho como inspiração absoluta pros meus escritos infantis, romantizados, alegóricos.
Eu que não sei de nada. Que disse pra você sobre meus outros amores e você pediu nomes, idades, endereços. Eu que não sei mentir, calei profundamente. Você que esquece, esqueceu.
E não diga, você, que não dorme mais na minha casa. Porque escrevo que eu vivo e você dorme. Ai, ai, ai.. Nós vivemos. E uma das maiores alegrias presentes e onipresentes na minha vida hoje, é te ter sone no meu colchão.
As outras alegrias envolvem nossas conversas, nossas brigas intermináveis. Nosso planos efêmeros e as vezes covardes. Envolvem minha euforia percebida por todos quando você está comigo.

E tenho dito.

sexta-feira, 25 de março de 2011

EFÊMERA

As efêmeras. Elas só vivem pra luz e pro amor.

quarta-feira, 23 de março de 2011

separação.

Quando é que minha alegria vai virar tristeza? Quando a luta vai virar paisagem? E o tempo que se enrosca alerta vai virar saudade. O frio que vem pra qualquer memória vaga se esvai em silêncio de um verão sem ar. As confissões à meia luz regadas de olhares turvos enlagrimados também irão se perder. Numa futura e tão longínqua idade adulta. Serenidade que um dia vai permanecer. Por enquanto o vento bate as portas e faz barulho. Quando os abraços vão virar afago? Quando a pureza vai virar açoite? Se a distância do futuro faz doer tanto, o presente desafia qualquer dor. Violeta sobre o sol que seca e é chata de cuidar é como essa ansiedade que seca e é difícil de lidar. Todo esse choro emocionado que traduz as noites sem lua são tampões enamorados da emoção maior que talvez ninguém nem se lembrará. Porque será fugaz. Será de dia. Será relevante. Quando os sorrisos se transformarão em intensa agonia? Quando os corpos ficarão ao relento? Bocas que amam e se deixam perder em discursos vagos ou discursos que se encontram nas bocas vagas. Olhares que se cruzam, que se cortam. Sentimentos que se criam e se reproduzem ao nível da serra. Quilômetros percorridos por puro amor. Alívio de tensão marcado por paixão. Alívio da vida marcada por linhas tortas que deprimem. Quando a respiração se tornará rápida? Quando os dias parecerão segundos? Quando chegará a hora de partir? Quando a separação se transformar em encontro eterno.

terça-feira, 22 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

fui andar e voei.

nesse fim de semana que passou a lua apareceu, ficamos todos juntos e eu pensei que iria andar. Mas então eu voei.

sábado, 19 de março de 2011

recado.

Enquanto eu levanto e vivo, você dorme ao meu lado, em sono profundo, achando que a vida é um grande porre que termina com amnésia e ressaca sonolenta.

sexta-feira, 18 de março de 2011

o que fazer?

Temo a repetição, a pieguice; esquivo-me de escrever só sobre amor. Mas que fazer, se é o que mais sinto?

(confiscado do perfil do Helder.)

quinta-feira, 17 de março de 2011

nalma.

Hoje eu, minha nectarina e minha banana saímos de casa às seis da manhã com a porta da garagem anunciando um promissor dia de sol. Fez frio. Fiz da vida hoje uma ponte, interligando tudo que há de menos em comum no caminho. Conversei com meu pai como há anos não conversava e me levei pra ele correndo, o medo às vezes faz isso. Conheci um veterinário legal e tive aquela impressão de que já o conhecia. Andei de carona. Com todo o carinho que tenho nalma encontrei presentes, abracei pessoas diferentes. Beijei meu ciúme na bochecha e sorri sendo a mais falsa conhecida. Eu não nasci pra viver mentindo. Me provoca enjôos, náuseas, sensação de peso no estômago, dores de cabeça e consciência. Gritei no telefone por estar cansada de ser criticada. Chorei por dentro (porque prometi que por fora não choraria mais). Reclamei e me senti uma chata. Fiquei sentada no sofá por vinte minutos em completo silêncio enquanto ao meu lado um papo saudável, lícito, lascivo e genial rolava. Eu pensava quieta, boba. Hoje eu fui vista como boba. I-di-o-ta. IM-BE-CIL. Por mim mesma. Por aquele sorriso falso que me olha de cima a baixo. Por aquele que diz que me ama. Uma completa babaca por achar que ama e se entregar. Sendo a única que se entrega. A Ú-NI-CA. Agora, em casa sinto uma raiva enorme de mim. Um desgaste energético brutal. E percebo que hoje eu não deveria ter aberto a geladeira e pego a nectarina e nem a banana no cesto.

Insistir? você me pergunta ao telefone. E eu respondo, claro! Nunca conheci ninguém que não tivesse levado porrada.

terça-feira, 15 de março de 2011

"coisa mais divertida do mundo"

Tân, tarantân, tarantân, tarantân.... Aí já sei que vai tocar quando eu to no computador. Aí eu já pego na mão e fico esperando. Aí vem "You´ve got mail!" num som embalado por um coral de vozes femininas sensuais e alegres que realmente me fazem acreditar que receber mensagem é a coisa mais divertida do mundo. E quando ele fica no silencioso durante a aula deixo a bolsa colada no meu colo, se vibrar eu já olho. E fica aquela mensagem piscando com esperança mortal de ser atendida, "Mãe chamando". Calma mãe, eu penso, já vou atender. E antes mesmo de atender, converso com minha mãe por telepatia. De manhã é ensurdecedor, mas é o único companheiro pra madrugar de segunda a sábado num toque que me faz levantar como se a orquestra sinfônica alemã estivesse embalando meus pés pra fora da cama.

êta amor tecnológico.

domingo, 13 de março de 2011

amena.



Existem dias que são como se fossem reflexos de memória. É como se eles jamais tivessem existido. É como se as vozes, os sons musicais, as cores, as feições estivessem apagadas, fora do ar, mudas. Esses dias são pra mim de tremenda dor. São um buraco negro que fica no tempo e que vai ficar no mesmo lugar pra sempre sugando o que se deixar levar. Só que eu não deixo levar. Eu permaneço. Inerte. Imóvel. Cateterizada na veia pra uma anti-droga qualquer. Esses dias me afundam e só penso que deixam meus pensamentos mais fortes e minhas escolhas mais precisas.


O problema é que, mesmo que às vezes não pareça, eu sou segura demais. E fecho a tampa por mim mesma. Sem precisar de ninguém pra me ver chorar. Só que dessa vez, você viu.



sexta-feira, 11 de março de 2011

um recado.

Só sei que me encontro numa inércia carnavalesca que não acaba. Não sai de mim. Arre! Desse jeito não chego em Abril. O mundo ta acontecendo e não consigo voltar. Tenho que parar com essa mania de me acomodar. Acomodar-se com a gente é um sufoco. Com o outro também. Acomodar-se com o verão, com o inverno ou com a folia. Estou mansamente cansada de comodismo. Movimento e surpresa caem bem. Principalmente assim, depois da quarta de cinzas.

quinta-feira, 10 de março de 2011

carnaval 2011

agora só ano que vem.

quinta-feira, 3 de março de 2011

es-cara.

Fisiologia é uma coisa chata, mas serve de base pra entender tudo. Lembrei disso ao debridar a escara mais gigantesca que já vi na vida. E descobri que a fisiologia da decomposição humana lembra a decomposição dos peixes. Não estudei pra isso. Só senti o cheiro.

ps: segundo Prof Paes Leme seria 'desbridar' ao invés de 'debridar'.