Existem dias que são como se fossem reflexos de memória. É como se eles jamais tivessem existido. É como se as vozes, os sons musicais, as cores, as feições estivessem apagadas, fora do ar, mudas. Esses dias são pra mim de tremenda dor. São um buraco negro que fica no tempo e que vai ficar no mesmo lugar pra sempre sugando o que se deixar levar. Só que eu não deixo levar. Eu permaneço. Inerte. Imóvel. Cateterizada na veia pra uma anti-droga qualquer. Esses dias me afundam e só penso que deixam meus pensamentos mais fortes e minhas escolhas mais precisas.
O problema é que, mesmo que às vezes não pareça, eu sou segura demais. E fecho a tampa por mim mesma. Sem precisar de ninguém pra me ver chorar. Só que dessa vez, você viu.
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