quarta-feira, 28 de julho de 2010

acerto.

Comprei um caderno. Encapei com veludo. Desenhei. Escrevi a primeira data. Viajei com ele. Busquei os melhores momentos, ângulos, as melhores imagens, luzes e cores. Descrevi à risca. Apalpei e acariciei o céu. Mordi nuvens. Não queria nada além. Queria simplesmente o simples. O abraço despropositado, descompromissado, envergonhado de quem não sabe ganhar um presente. De quem nem imagina o que é um carinho verdadeiro, sem intenções maiores. Sem busca desmedida por aprovação ou vaidade. O obrigado de costas, andando, caminhando na outra direção trouxe alívio e uma certeza mambembe de que às vezes eu acerto.

terça-feira, 27 de julho de 2010

dia

dia de novo.
dia de bem.
amém.
dia comprido.
cumprido.
dia de ir embora.
e só voltar mês depois.
dia de ficar e aguentar.
dia de comer bem.
dia de felicitar.
dar presente.
abraçar.
dia de fazer vinte e três anos.
dia de recomeçar.
dia de sair no jornal.
dia deaparecer.
dia de ir pra rua.
dia de banquete.
dia de coçar.
dia de sangue e cirurgia quente.
dia de sorriso caliente.
beijo ardente.
que é a mesma coisa.
dia de ter.
dia de ser.
e pronto.
é dia.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

minha cabeça.

Seletividade profissional: o paciente expõe-se a determinados antígenos. Seletividade utilitária: suspeita-se estar relacionado a um elemento de uso diário. Testes de contato: utéis na identificação da substância. Focos: cutâneo, urinário, abdominal, endocárdico, sistema nervoso central e desconhecido. Dor grave em quadrante esquerdo. Puta merda! Menarca aos seis anos. Jura? Dermatites. Piodermites. Desidrose descontrolada. Paixão aguda. Não acredito! Ta pensando que beiço de jegue é arroz doce? Pingar amônia no olho. Lava com soro. Queima e dói pra caralho, eu sei. Aguenta a dor. Enquanto o calázio é processo inflamatório crônico. Perifoliculite Abscendens et Suffodiens de Hoffman. Apresentação ao meio dia. Criança perguntando o que é uma escaleta. Somos feitos de matéria elementar. Ivermectina, seis miligramas, via oral, dose única. Não pode para crianças abaixo de quinze quilos. No Brasil até recentemente, o único foco conhecido estava restrito aos índios Yanomami, habitantes da região limítrofe entre a Venezuela com os estados de Roraima e Amazonas. índios de Timburibá. Por favor levem um cabo de vassoura e as meninas uma saia. Gancho! Con-tra-tem-po! Poxa, como foi bacana te encontrar de novo. Mecanismo alérgico. Orkut tem recado novo de alguém pra mim. Pra você. De quem foi a idéia de fazer uma festa junina de aniversário? Este problema é ainda agravado pelo alto índice de auto-medicação. Achei um carrapato em mim. Joguei uma barata na Mônica, uau como ele ficou 'blava'! Sarcoptes scabiei. Eu pensei em hemorragia subcutânea somente. Eu faço uso de minipílula. Pai tossindo. Pai abraçando. Pai falando coisas que eu não lembro relacionadas a superproteção. Me abraça e cuida de mim? Você faz carinho por dentro. E ás vezes por fora também. Não, Jessica, ele não está em casa. Epidemiologia. Comissão de formatura. Tenho que pagar o último boleto. Já venceu. Você sabe como faço pra chegar na policlínica da mulher no Aterrado? Puxa, mas você mora aqui! Feijoada na Sala, quem poderia imaginar? Dois a cinco dias após o contágio. Candidíase vaginal. Infecção bacteriana grave. Vítima de espancamento. Oh, minha filha, gente nova não gosta de conversar com gente velha não. Horário novo. Vou perder Devir. Não vai ter mais Devir. Vai ser só reunião. Não aguento mais reunião! Reunião científica da Liga Acadêmica de Infectologia. Que o vinho quente do coração lhe suba a cabeça, espessa. Jejé!
Amanhã. Hoje?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

(...)

Sou um glóbulo branco.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

enfim.

Chove torrencialmente no Santa Rosa.
Enfim.

domingo, 11 de julho de 2010

um trecho

"na caçamba, sentada em cima do pé do amigo, que é colo, que já foi amante, que é amor, indo pra onde não sei de mim, sentindo vento, gritando, parecendo no ar, gelado, frizante, descolorado, garganta seca, fome abrasante, torta, tempo passa rápido, cachecol voa, sinal pára, voz ecoa, silêncio da cidade de domingo, saudade que vem vindo arrebanhada de hálito antigo de cerveja e cigarro, carro verde, anda correndo, vôo lançado, asfalto liso, vaga na porta, dessenterro meu cóccix, ergo minha alma, seguro as mãos, desço sozinha num pulo e percebo que voltei, arre, estou de volta."

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sabe...

Ah essa minha dor de ser sozinha. Meu queixo treme de tanto chorar. Que dor é essa que não me deixa? Vive pulsando dentro de mim só esperando uma brecha pra acordar, me sucumbir, me fazer mudar, inchar, partir.Lágrima farta escurecida pelo cansaço. Pernas bambas porque há muito tempo eu não tenho mais você. Você que ainda nem me viu essa semana. Eu quase tenho certeza que me esqueceu. Eu quase aposto meus últimos cachos como você perdeu meu número. Apagou seu quadro de recados onde estava escrito aquela mensagem dos Beatles que eu deixei. Quase me escapa um sorriso pensando em como seria difícil apagá-la. O frio me corta a espinha. Meus reflexos estão diminuídos. Tenho medo. Muito medo. Não tenho sono há dias. Não tem cobertor que me esquente. Não tem mãe que me entenda. Meu carro está empoeirado e sem gasolina. Só ando a pé. Comecei a corer, sabia? Cortei o cabelo. Vou fazer uma viagem e decidi fazer uma festa no meu aniversário. Tive uma briga com meus amigos. Quase comprei um cachorro ontem. Sabe, pra me acompanhar. Quem sabe até me proteger. Abanar o rabo quando eu to triste assi. E sabe, sei que escrever não vai fazer diferença nenhuma. Sei também que isso tudo não vai passar como das outras vezes. Poucas outras vezes. Que se foram. Vezes que cortadas com um abraço me fizeram sorrir. Vez essa que nem um beijo me faria. Não enxergo nada. Só pesadelo que tenho quando durmo. Quando não durmo, porque aí acordo e não deito mais. Ligaçãoqueinterompe a dor é ótima. Me faz respirar lá na janela. É o mesmo ar de sempre. Mas parece que tem uma mão quente esfregando meus ombros comoquem sente que está tudo errado por dentro. Porque por fora não tem nada. Só cara feliz, bonita, maquiada. Por dentro tem um turbilhão no vazio. Ecos de saudade, silêncio, beijo não dado, abraço devolvido porque era pequeno demais e eu visto M. Ah, já não sei, me perdi na escrita e nas medidas. Comer pra crescer, ficar forte. Abastecer o corpo pra ver se fecha logo. Corpo aberto faz chorar, machuca. E nem fé que tenha faz-me acreditar que vou parar de chorar. Esquecer. Deixar levar. São tempos diferentes agora. E sou eu que tenho que avaliar. Apesar de saber que toda fala é mentira. Que você me ama mesmo e pronto. E que eu não sei lidar com brigas. Que eu não sei lidar com você. Sabia que eu pensei que tivesse te esquecido? Mas eu só havia apagado seu telefone da agenda.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

visual novo

Perdi cabelo.
To careca.
To feliz.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

parêntese

_(...)
_Gosto de te ler.
_Jura que você me lê?
_Sim. Mas você tem uns textinhos bem cafonas.