Escutar sua voz é um abismo de lembranças claras. É um monte alto estruturado numa sã certeza de que sua voz imanta uma risada dentro de mim. Seus olhos, que agora não vejo, leem pelo telefone o meu corpo e o desenho que eu faço com as mãos enquanto falo pra você sobre as coisas que eu invento só pra saber que você faz isso. Minha respiração pulsa e você sabe. Te vejo caminhando rápido enquanto fala, trocando os pés pra sempre subir os degraus com o direito. Do jeito mais torto,carrega a mochila e anda mole.
E desligamos porque nossos caminhos não nos permitem (ou nos permitem que estejamos fora da área de cobertura). Sinto o seu trêmulo tchau sem certezas, tão doído por aqui. Sento, sinto-te e escrevo, mas não aguento tanto você em mim e ligo de volta. Escutar sua voz é um abismo de lembranças claras.
(dedicado aquele cara que enjoa em ônibus e por isso disse que quer comprar um carro. Dedicado aquele cara que arruma um problema como solução.)
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