quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

gordinha e ruiva.

Enquanto ele se desenvolvia para tentar ser um magnata, com grana, poder, terno e gravata, ela sofria alucináveis noites de insônia depois do trabalho, como babá. Ele, branquelo, muito alto, sem muita gordura, sem muito músculo. Ela, gorda e ruiva como a fênix. E se encontraram no aniversário da Glorinha, uma amiga vesga, mas que era super gente boa. Ele não conseguia acreditar como uma gorda poderia ser tão delicada e simpática. Ela reparou a noite inteira no seu zíper aberto, mas ficou sem coragem de avisar. Ela tinha ido pra lá de metrô, ele de chevete. Depois da carona, trocaram telefone ela dormiu bem a noite, desacreditando que ele ligaria algum dia. Ele foi embora, fascinado. Agora ele se referia a ela em pensamentos como a "gordinha ruiva". Ele nunca ligou porque nos dias que se seguiram foi chamado pra um estágio na defensoria do estado, ficou deslumbrado, vendeu o chevete, foi assaltado na estação de metrô e perdeu seu celular. Ela já sabia. Suas noites de insônia porém, nunca mais voltaram. Resolveu fazer um curso de maquiagem, conheceu o Jorge, um viado de cabelo comprido e corpo atlético que repicou seus cabelos e a matriculou na academia. Ela precisava perder peso, afirmava o Jorge.

Três anos depois num elevador em Nova York eles se reencontraram. Ela num vestido vermelho de gala estonteante, com os cabelos bem curtos, quinze quilos mais magra, acompanhada do seu namorado, o Fred, um bilionário americano. Ele de smoking, gordo, acompanhado da sua esposa, a Verinha, que por ironia do destino, era gordinha e ruiva.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

regresso.

Voltei da folia. Tenho muita coisa na cabeça pra escrever, mas agora escrevo nada. Só queria dizer que foliei o quanto pude. E pronto.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

a verdade.

Pra falar a verdade, estou louca pra chegar o carnaval, pra ver se lava toda essa mágoa que anda por aqui.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

tópicos desorganizados pelos trovões da chuva.

Estou assumidamente cansada de falsos moralismos, de filosofia barata de bar, de cerveja e de fingimentos no geral.

Nasceu uma espinha entre meu nariz e minha boca. Feia.

Essa chuva me desanima.

Foi difícil voltar pra casa hoje.

O tempo está passando muito rápido. Fevereiro já ta aí e pronto, carnaval.

To me guardando pra quando o carnaval chegar.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ainda bem.

Todo o amor que me move a entregar minha alma aqueles que precisam, já não me sustenta mais. Tudo em que eu acredito me encobre e às vezes esconde uma tristeza lá dentro, camuflada em seriedade intocável. Queria eu poder ser inteira ao invés de ser por partes. Meu cansaço começa a se tornar uma fraqueza, porque eu já sei que só eu me importo com algumas coisas. E essa maturidade inunda minha criança, que ainda não sabe andar de bicicleta, que chora quando os pais viajam, que ainda faz aulas de ballet, que tem medo de ficar sozinha em casa. E eu me encontro parada pela primeira vez. Procurando algo que ainda não existe. Algo que me supra por inteira, que me caiba certinho como se fosse um sapato encomendado. E então eu olho para meus lados e encontro aqueles que já são pra sempre. Eu é que ainda não sou. Eu sou só por enquanto, eu sou só às vezes, sou só ainda. Sou impermanente em mim. Me vejo vencida hoje. Logo eu, que otimizei, que acreditei. Acreditar é tão difícil. Hoje entendo que a humildade com que eu nasci me faz maior do que muita coisa. Mas agora eu penso e se eu fosse menor? Se na baixeza eu conseguisse suportar, entender, vencer. Será que quando eu deixo de lavar as mãos para abraçar a sujeira eu perco alguma coisa? Aquele colega mais velho me falou que só suporta quem pode. Ele disse que eu podia. Ele presumiu, mas eu acho que ele tinha certeza. Às vezes eu acho que tenho coisas escritas na minha testa. Só a tristeza que fica escondida lá dentro mesmo. E esse amor que eu escancaro e que eu guardei por seis anos encubado, no respirador, hoje me prende, ata meu racional, me amarra, me culpa e me divide. Amor, que pode até não me sustentar mais, só que não me deixa ir embora. Ainda bem. Ainda bem que ele existe.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Troca

" eu ia dizer que todo mundo só procura o outro quando quer algo em troca mesmo. mesmo quando algo em troca é só trocar." (Suzana Zana por email hoje)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

o problema do silêncio é que ninguém escuta.

Estou realmente cansada de ser a ouvinte de todo mundo. Médico do latim 'aquele que se inclina para ouvir'. Para meus amigos, que só me ligam ou me procuram quando precisam de algo em troca, sejam minhas orelhas ou coisas materiais acessíveis. Para meu irmão, que sumiu num mundo onde eu jamais conseguirei entrar, por mais que eu insista em acreditar. Para meus pais, que acham que eu já cresci. Para meu namorado, que tem tanta coisa pra cuidar que muitas vezes não consegue olhar pro lado e ver que eu preciso que ele cuide de mim também. Para mim, que entrei num fosso de ansiedade e não consigo para de ficar em silêncio, que também é uma forma de pedir ajuda. O problema do silêncio é que ninguém escuta.