quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ainda bem.

Todo o amor que me move a entregar minha alma aqueles que precisam, já não me sustenta mais. Tudo em que eu acredito me encobre e às vezes esconde uma tristeza lá dentro, camuflada em seriedade intocável. Queria eu poder ser inteira ao invés de ser por partes. Meu cansaço começa a se tornar uma fraqueza, porque eu já sei que só eu me importo com algumas coisas. E essa maturidade inunda minha criança, que ainda não sabe andar de bicicleta, que chora quando os pais viajam, que ainda faz aulas de ballet, que tem medo de ficar sozinha em casa. E eu me encontro parada pela primeira vez. Procurando algo que ainda não existe. Algo que me supra por inteira, que me caiba certinho como se fosse um sapato encomendado. E então eu olho para meus lados e encontro aqueles que já são pra sempre. Eu é que ainda não sou. Eu sou só por enquanto, eu sou só às vezes, sou só ainda. Sou impermanente em mim. Me vejo vencida hoje. Logo eu, que otimizei, que acreditei. Acreditar é tão difícil. Hoje entendo que a humildade com que eu nasci me faz maior do que muita coisa. Mas agora eu penso e se eu fosse menor? Se na baixeza eu conseguisse suportar, entender, vencer. Será que quando eu deixo de lavar as mãos para abraçar a sujeira eu perco alguma coisa? Aquele colega mais velho me falou que só suporta quem pode. Ele disse que eu podia. Ele presumiu, mas eu acho que ele tinha certeza. Às vezes eu acho que tenho coisas escritas na minha testa. Só a tristeza que fica escondida lá dentro mesmo. E esse amor que eu escancaro e que eu guardei por seis anos encubado, no respirador, hoje me prende, ata meu racional, me amarra, me culpa e me divide. Amor, que pode até não me sustentar mais, só que não me deixa ir embora. Ainda bem. Ainda bem que ele existe.

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