Enquanto ele se desenvolvia para tentar ser um magnata, com grana, poder, terno e gravata, ela sofria alucináveis noites de insônia depois do trabalho, como babá. Ele, branquelo, muito alto, sem muita gordura, sem muito músculo. Ela, gorda e ruiva como a fênix. E se encontraram no aniversário da Glorinha, uma amiga vesga, mas que era super gente boa. Ele não conseguia acreditar como uma gorda poderia ser tão delicada e simpática. Ela reparou a noite inteira no seu zíper aberto, mas ficou sem coragem de avisar. Ela tinha ido pra lá de metrô, ele de chevete. Depois da carona, trocaram telefone ela dormiu bem a noite, desacreditando que ele ligaria algum dia. Ele foi embora, fascinado. Agora ele se referia a ela em pensamentos como a "gordinha ruiva". Ele nunca ligou porque nos dias que se seguiram foi chamado pra um estágio na defensoria do estado, ficou deslumbrado, vendeu o chevete, foi assaltado na estação de metrô e perdeu seu celular. Ela já sabia. Suas noites de insônia porém, nunca mais voltaram. Resolveu fazer um curso de maquiagem, conheceu o Jorge, um viado de cabelo comprido e corpo atlético que repicou seus cabelos e a matriculou na academia. Ela precisava perder peso, afirmava o Jorge.
Três anos depois num elevador em Nova York eles se reencontraram. Ela num vestido vermelho de gala estonteante, com os cabelos bem curtos, quinze quilos mais magra, acompanhada do seu namorado, o Fred, um bilionário americano. Ele de smoking, gordo, acompanhado da sua esposa, a Verinha, que por ironia do destino, era gordinha e ruiva.
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