quarta-feira, 31 de agosto de 2011
açúcar puro, com vergonha, com afeto.
São quatro elementos. Farinha láctea, leite em pó, aveia e açúcar. Na verdade são cinco, isso tudo e mais meu coração dilacerado e cansado de ser assim. Vale pedir desculpa pelas diferenças? Ou são as diferenças que nos desculpam e permitem que fiquemos juntos?
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
mesmo.
Às vezes eu quero que chegue logo Setembro. Às vezes eu grifo as palavras. Esses dias tem sido difíceis. A turbulência deixa de me emocionar e passa a rugir por dentro de mim. A urgência urge. A calda do cometa, que todos querem alcançar, nunca chega, meus olhos estão cansados. Sinto mesmo, profunda agonia dia pós dia. Por não mudar. Por não poder. Por ter as mãos presas numa caneta. Por ter voz calada. Por não saber. Por, quando instigada, desistir. Logo eu que não desistia nunca. Logo eu que não tinha medo de nada. Hoje tudo é vento. E a gente nunca sabe o que ele pode trazer. Mesmo.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
lumi.
Minhas pernas estão formigando. Dormentes. Parestésicas. Meus bolsos vazios, esquecidos chicletes, notas, moedas, pirulito de batom. Minha noite perenemente iluminada, clareando o rio com uma faixa de luz tremeluzente do luar que se vai cheio pra ficar fininho. Meus olhos coçam. Meus pelinhos do braço estão levantando aos poucos. Acho que to sentindo frio. Com um vazio por aqui. Minha preguiça mantém a cadeira intacta. Minha respiração acalenta o espírito, que já devia estar alçando vôos no meu sono de beleza corpórea. Mas não, ele está estagnado. Há um certo tipo de insônia que se torna precoce. Surge dentro de uma ansiedade que percorre dias atrás de mim. Roçando meus cabelos poucos, fazendo crescer espinhas, fome e cansaço. Mas nem tudo é névoa. Meu travesseiro promete a maciez confortante das noites nas quais o trabalho não era pauta. Era reunião de borboletas coloridas e ideais eternizados. Meu abajur treme sua luz branca e ilumina uma enorme quantidade de guarda-chuvinhas coloridos de papel. E minha cabeceira fica colorida. E meu perfume já acabando exala rosas e pescoço pelo ar em volta. E meu relógio pode marcar até depois de virar abóbora que eu não acho que é tarde. Eu vejo as luzes coloridas. Eu vejo um arco-íris. Eu me vejo refletida no que eu quero e não no que eu devo. Eu vejo meus passos pequenininhos indo correndo pralgum lugar onde tenha nascente de novos mundos. Aquele mesmo e velho conhecido lugar, onde sou bem recebida e me dão chá quente, biscoitos e um jardim pra eu cuidar. Porque eu acho que do lado de cá as coisas estão escuras. Porque eu sempre tenho a certeza de que tudo vai alumiar.
domingo, 14 de agosto de 2011
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Programa de saúde da família.
As vezes danço valsa num salão vazio de chão quadriculado preto e branco brilhante. É noite. Estou sozinha e rodopio feito bailarina de caixinha de música. Se eu fosse um objeto seria uma caixinha de música, me disseram. Levo isso pros sonhos que tenho. E projeto na realidade a harmonia que sinto quando estou rodando com bolhas de sabão. Mas a realidade não aceita meus sorrisos. A realidade é mais dura do que imaginei. É ríspida, não sente à flor da pele como se sente quando se está em valsa . Eu pensei errado todos esses anos. Pensei tão errado que ainda cismo em levar alegria pra onde só tem melancolia. Eu apreendi tão errado que achei que fosse dar certo esse altruísmo todo. Mas não é assim que funciona, simplesmente dar ou não certo. Não é assim objetivo e concreto. A realidade é feita de subjetivos e de abstratos, apesar de eu sempre ter pensado o contrário. Achei que o abstrato era eu e minha valsa. Achei que o concreto fosse o que viria. Entretanto o que veio me trouxe a carga de sensatez que tem a vida, me mostrou que nada é como a gente pensa ou quer que seja e abriu minha caixinha de música de frente pras dores de quem não tem sonho, muito menos valsas, chãos brilhantes ou bailarinas. E essa realidade é abstrata porque tem muitos lados, muitas visões, muitos ângulos e pontos fixos. É subjetivo porque está além de qualquer discussão. Está além do que a política pode ver. Não dá pra entrar e encher os olhos de quem quer que seja com luz, esperança, amor. Isso não existe. A força do material, da posse é muito maior do que a força dos valores que podem ser instituídos em cada esquina, em cada família. Esse é o ideal da caixinha de música. Mas é apenas um ideal. Um ideal concreto.
Falando assim parece que perdi o rumo de tanta coisa que preguei até hoje, sobre sonhos e esse romantismo todo. Eu não perdi. Eu apenas amadureço o que eu chamo de sonho. Traço um novo perfil pra essa coisa de sair por aí oferecendo 'tudo que eu posso pra te ver bem'. Traço um novo perfil pras coisas que eu apreendi errado. Essa análise não é uma desesperança. É uma constatação. Posso ajeitar muitas coisas, tentar fazer ideal uma realidade mutável a todo instante. Tentar massagear e fazer brotar tantas outras caixinhas de música por aí. Posso propagar. Mas não posso sonhar junto. Pelo menos por enquanto tenho que parar de sonhar. Tenho que estar concreta dentro desse abstrato todo. E tenho simplesmente que estar. Pelo menos uma coisa apreendi certo. Ninguém nunca me disse que seria fácil.
sábado, 6 de agosto de 2011
porque eu acredito desse jeito.
RECADO (GONZAGUINHA)
Se me der um beijo eu gostoSe me der um tapa eu brigo
Se me der um grito não calo
Se mandar calar mais eu falo
Mas se me der a mão
Claro, aperto
Se for franco
Direto e aberto
Tô contigo amigo e não abro
Vamos ver o diabo de perto
Mas preste bem atenção, seu moço
Não engulo a fruta e o caroço
Minha vida é tutano é osso
Liberdade virou prisão
Se é amor deu e recebeu
Se é suor só o meu e o teu
Verbo eu pra mim já morreu
Quem mandava em mim nem nasceu
É viver e aprender
Vá viver e entender, malandro
Vai compreender
Vá tratar de viver
E se tentar me tolher é igual
Ao fulano de tal que taí
Se é pra ir vamos juntos
Se não é já não tô nem aqui
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
NCQ14
Pra correr atrás do piti e sentir menos coração batendo.
Pra dormir o dia inteiro na tensão do que virá.
Pra esquecer das novidades e preocupar-se com a verdade.
Pra planejar o futuro torto, ainda que pela primeira vez.
Pra ter colo. Pra ter veto. Pra ter desculpa, ser correto e aberto.
Pra não pensar em desistir.
Pra sonhar pesadelo acordado.
Pra visitar amigo de tarde.
Pra aprender a parar de fazer alarde.
Pra comer igual um desvairado.
Pra gelar o corpo no chuveiro desligado.
Pra brincar com fogo com isqueiro apagado.
Pra mentir pra si. Tirar de ouvido uma canção em mi.
Pra brincar com o tempo.
Pra tecer histórias ao vento.
Pra lembrar que existe um monte de gente lá fora.
Pra perceber que já passou da hora.
Pra enxergar embaçado.
Pra dirigir acompanhado.
Pra sentir saudade.
Pra valorizar aquele sorriso.
Pra ligar indeciso.
Pra você ficar melhor.
Mesmo se a dor for pior.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
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