quarta-feira, 17 de agosto de 2011

lumi.

Minhas pernas estão formigando. Dormentes. Parestésicas. Meus bolsos vazios, esquecidos chicletes, notas, moedas, pirulito de batom. Minha noite perenemente iluminada, clareando o rio com uma faixa de luz tremeluzente do luar que se vai cheio pra ficar fininho. Meus olhos coçam. Meus pelinhos do braço estão levantando aos poucos. Acho que to sentindo frio. Com um vazio por aqui. Minha preguiça mantém a cadeira intacta. Minha respiração acalenta o espírito, que já devia estar alçando vôos no meu sono de beleza corpórea. Mas não, ele está estagnado. Há um certo tipo de insônia que se torna precoce. Surge dentro de uma ansiedade que percorre dias atrás de mim. Roçando meus cabelos poucos, fazendo crescer espinhas, fome e cansaço. Mas nem tudo é névoa. Meu travesseiro promete a maciez confortante das noites nas quais o trabalho não era pauta. Era reunião de borboletas coloridas e ideais eternizados. Meu abajur treme sua luz branca e ilumina uma enorme quantidade de guarda-chuvinhas coloridos de papel. E minha cabeceira fica colorida. E meu perfume já acabando exala rosas e pescoço pelo ar em volta. E meu relógio pode marcar até depois de virar abóbora que eu não acho que é tarde. Eu vejo as luzes coloridas. Eu vejo um arco-íris. Eu me vejo refletida no que eu quero e não no que eu devo. Eu vejo meus passos pequenininhos indo correndo pralgum lugar onde tenha nascente de novos mundos. Aquele mesmo e velho conhecido lugar, onde sou bem recebida e me dão chá quente, biscoitos e um jardim pra eu cuidar. Porque eu acho que do lado de cá as coisas estão escuras. Porque eu sempre tenho a certeza de que tudo vai alumiar.

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