Não quero mais escrever aqui.
Você já não me lê há dias porque te magooei.
E insegura, tenho receio de te ferir de novo.
Aí, sou sincera e permaneço quieta.
Ou sou boba e permaneço crua.
Ou sou eu e permaneço tua.
sexta-feira, 19 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
calça de malha preta justa, cachecóis amarelos.
Esse ar frio chegando traz um monte de coisa feliz. E aí fico pensando besteiras encavaladas em poemas rústicos, mensagens de amor, palavras cheias de pompa, cachecóis amarelos esvoaçantes. Vai ter vento frio daqui a pouco entrando pela janela da cozinha apagando o fogo da sopa no fogão. Vai ter vida nova chegando. Rua cheia de espaço vazio. Quarto cheio de casal dormindo. Edredon lavando pra tirar o mofo. Ar condicionado desligado. Vai ter vidro de carro fechado. E aí penso em bobagens que me remetem viagens, descobertas, paz de frio. Tinha uma vez uma rosa desenhada no meu caderno. Um bilhete me dizia que nunca mais eu iria ser tão feliz. Cheiro de camomila em Caxambú. Velhinho jogando botão. Velhinha jogando bingo. A hora mágica da idade divertindo o mundo. Piscina vazia. Trampolim estático. Bate palma de aniversário. Já vi suor de criança saindo fumaça da testa. Porque quente derrete no frio. Uma vez casacos de moletom branco e azul marinho encobriam. Calça de malha preta justa. Magreza e interpretações deliciosamente divertidas. Brincadeira de vai, volta, pula, dança, finge. Finge que finge e aí ta tudo certo. Coisa queimada no chão. Pirulito que transforma em chiclete. Amigo virando amor. Amor virando amigo. Música pra concertar por aí. Melodia que consertava a cabeça. Disciplina. Água salgada que chove e fica quentinha. Quando saía doía de ar frio. Vento no cabelo subindo pra casa. Prova e estudo compulsivo. Tinha esperança descontraída. Tinha unha roída. Queria chegar rápido sempre. Velocidade que não existe contra brisa gelada. Aí ficava tudo parado. Câmera lenta. Tinha muito livro. Pipoca que fazia barulho alto e não tinha microondas. Era panela. Era céu escuro. Escuridão feliz. Alegria contida, que só explodia no sol. Sol esquentava na beiradinha da frestinha da janela. Esquenta só um pouco e depois esfria. Aí no azulejo gelado não tinha mais formiga. As formigas se escondem no inverno.
segunda-feira, 15 de março de 2010
a menina e o vento.
Aí o vento disse à ela que ele não ia voltar mais. Disse que ele era cheio e trazia a tempestade. Disse que ele sabia que ela não queria mudança de tempestade. Ela só queria seu carinho macio de brisa. Ele sabia. Vento, velho, não entendia. Obedecia sua intuição de frio gélido a passear.
O vento foi embora, nunca mais voltou. Não trouxe mais tempestade. Deixou seu amor feliz com sua ausência. Deixou a menina plena de aridez e suor que não seca.
O vento foi embora, nunca mais voltou. Não trouxe mais tempestade. Deixou seu amor feliz com sua ausência. Deixou a menina plena de aridez e suor que não seca.
quinta-feira, 11 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
vontade de todo mundo agora ou de dentro de mim.
Tenho dentro de mim vários amores. Tenho amores de verão. Tenho amores de inverno. Tenho paixões outonais. Tenho amor primaveril. Dentro de mim tenho sol forte. Tenho força bruta. Mármore inteiro, sem lapidar. Aí tenho amores de amigos. Amores de dor. Amores de lar. Tenho família amada. Tenho companheiro, parceiro na vida, apaixonado. Tenho muitos que vão. Tenho alqueles que passam. Tenho amores findos. Tenhos paixões inacabadas. E sei, nunca vão passar, porque amo meu coração em paixão. Tenho uma batida errada sem compasso, que apaixona fácil, incoerente e me faz penar. Tenho amor tatuado. Tenho amor puritano. Tenho medo do escuro e de levar susto, sem amor nenhum. Dentro, lá dentro, tenho fundo um escondido carinho eterno, que é sereno e serena de dentro pra fora. Tenho amor de fora. Tenho paixão estrangeira. Tenho plantações ilegais na mente. Tenho implantações dentárias cheias de focos de romance esparso. Tenho rubra rosa careada. Vários amores tenho dentro, em cima, embaixo, no alto de mim. Tenho sorte e saudade daqueles que permanecem inertes no tempo. Tenho profunda tristeza daqueles que se esvaem e caem no esquecimento. Que parte da nossa memória é seletiva e tende a esquecer? Queria ser elefante e não esquecer nunca que tenho amor. Tenho amor de dor também. Paixão retrógrada, impaciente, que não vai, não sai, nem fica. Tenho amor amigo eterno, que eu sei não vai esquecer. Não vou perder. Tenho carinho confiança. Tenho um monte de gente junta e misturada em mim. Tenho um monte de pessoa amiga que classifica meu amor infindo. Cru, sem levar ao fogo. Pra que fogo se já queima só? Tenho gente crua ao meu redor. Gente queme alastra. Tenho contato profissional que apaixona. Tenho apaixonado que fica. Tenho apaixonado que vai. Tenho amor que decepciona. Tenho decepção que apavora.
Mas antes de tudo, tenho aqueles que marcam. Tenho aqueles que amam. Tenho dentro de mim aqueles que amo.
Aí é assim. Sentimental mesmo. Exponho com vergonha. Porque também tenho amor envergonhado. Tenho por mim, pra mim e em mim Jota, Suzana, Cega, Japa, Hari, Dellepra, Tati, Lucas, Ed, Dan, Nathália, Zana, Nath, Crooz, Bruno, Carolzinha, Bit, Carlinhos, Marcos, Rodrigo, Sheila, Jefferson, Mariana, Filhinha, Paulo, Paula, Duda, Elisa, David, Bibi, Carol, Cristiano, Fausto, Alison, Luara, Fred, Frederico, Zenaide, Lindalva, Darcy, Dadá, André, Eduardo, Everardo, Baiano, Renata, Daniel, Déo, Léo, Bianco, Clarissa, Lú, Fla, Nat, Corrente, Evandro, Jana, Jucira, Indiara, Gui, Alana e Rafael. Não nessa ordem, porque não tem ordem.
E aí tenho vários assim.
sábado, 6 de março de 2010
ressaca.
É que hoje chove e eu estou de ressaca. Ontem foi música, batida, pandeiro e violão. Hoje é chuva. Até tem mais, de noite. Mas chove. Cai o céu. Molha plantinha, pneu, miolo, cabelo. Molha o ritmo batido do coração fraco, coitado. Molha até dente. Rega o asfalto. E seca uma vontade dentro de mim de permanecer deitada, molhada, dormindo, feliz.
Aí, daqui a pouco eu vou. Pego a estrada, pego o bolo, pego as gentes. Queria mais gentes, parece que tem pouca. E quando chegar lá canta, samba e bebe. E na noite tudo fica sereno, quem sabe até pacato, porque as dores estarão todas encharcadas. Na lama.
E na volta, durmo rápido, pouco. Porque não dá mesmo pra ficar lá. Numa só respiração despeço-me de todas as gentes poucas e corro pro meu porto cama-casa-seguro. E fico inerte até a próxima estação de ressacas.
Aí, daqui a pouco eu vou. Pego a estrada, pego o bolo, pego as gentes. Queria mais gentes, parece que tem pouca. E quando chegar lá canta, samba e bebe. E na noite tudo fica sereno, quem sabe até pacato, porque as dores estarão todas encharcadas. Na lama.
E na volta, durmo rápido, pouco. Porque não dá mesmo pra ficar lá. Numa só respiração despeço-me de todas as gentes poucas e corro pro meu porto cama-casa-seguro. E fico inerte até a próxima estação de ressacas.
quarta-feira, 3 de março de 2010
segunda-feira, 1 de março de 2010
Tenho uma mulher
Tenho uma mulher que tem duas em si. Uma louca. Outra dissimulada. Da louca eu gosto. Da dissimulada tenho nojo. A louca afirma a vida apesar de tudo. A dissimulada vive.
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