segunda-feira, 25 de maio de 2015

eu nem tava plantando nada

Hariadne falou que a minha velocidade é dificil de acompanhar. Na verdade é mesmo. Mas quando me puseram no mundo quiseram assim e eu nem brigo mais com essa coisa de destino porque tudo acontece mesmo de forma completamente irrelevante aos astros, planos, trocas, chances, changes e marés. Propositalmente eu na virada da cuíca estava me deixando levar pra ver se rolava mais extrassístole pelo mundo afora do que aqui por dentro. Foi então que veio enxurrada, cavalgada, terra, pó, unguento, mel, alergia e abelha. Dessas abelhas cabeludas. E no ventinho da manhã da casinha da vila tudo mudou. Eu não queria não. Na verdade, a gente nunca quer. Não queria parar, porque justificava paradas na minha cabeça como uma forma de medo da vida e não via isso cabendo em mim. Não queria também assentar, porque eu imaginava que quando a gente cavuca a terra e depois nasce uma mudinha de mato é sem querer, porque na verdade eu nem tava plantando nada. Veja só, to colhendo agora. 

Escrevi um coração no alto daquela arvrezinha,
achando que ele era meu e ela pensando que era minha, tadinha.
Da lasquinha da casquinha, pingou seiva, mel e vinho
eu juntei tudo num potinho e joguei pelo caminho.

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