terça-feira, 20 de janeiro de 2015

desenhei você e nem sabia.

Preciso do silencio pra escrever você. Porque teu barulho em mim ocupa muito ouvido e muito espaço. Buzina alta, cor forte, plural, brilho de uma careca sem lembranças. E aí eu lembrei que desenhei você. E nem sabia. Não sabia de nada. Só previ inconsciente-mente. E se eu falo demais do Rafael é por defesa e comparação. Porque fui demasiadamente deixada de lado nessa confusão. Sonhei com ele antes e dançava sem saber. Com você nada disso. Mas no primeiro lasco de palavra fiz arte pueril no meu caderninho. E aprendi a colocar as palavras no diminutivo desmerecendo cada ironia. Não ligo. Não ligo porque existe um novo você. Um novo você na minha vida. Que, por única e plena opção vou aprender a deixar. Acho mermo que tu só apareceu pra eu aprender a deixar o que eu amo sem dor. Preciso aprender a ir embora. E é tão difícil. E é um tudo nesses últimos dias. Tenho muitas pessoas em mim. Aprendo a deixar todas elas. Tenho você em mim e a única certeza de que vou deixa-lo também. E, masoquisticamente, eu gosto da ideia.

Quando fico, esvaio. Se vou, vôo.


Quando choro do olho sai meteoro, vulcão de cada poro, é dor capaz de pegar a via láctea no ar, mas também cabe dentro do olho de um grilo num manguezal. 

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