Esquentei. E igual Suzana falou, enfiei a lua na minha cabeça, só que lá do mar Suzi, estou fora de cobertura, não deu pra subir nela. Deu certo. O que Suzana fala e não dá certo, né? E com toda a lua dentro, fui obrigada a assistir o nascer e o pôr do sol todo dia. E acumular essa dor da eterna despedida. Da volta toda que a gente dá pra ver nascer de novo. E cada lágrima que a lua deixa vira uma gota de mar perspirando pela pele. Pés sujos sim de areia. Cacheei e a coragem despistou a careca tremeluzente que olhava pra mim tentando me convencer de que as pessoas mais inteligentes são mais fáceis de hipnotizar. Sentei por dias numa cadeira de rede. Fiquei marcada nas pernas, virilhas, glúteos, pelve, alma tal qual calcinha apertada. Interpretei o horizonte e tive certeza de que escolha é algo que a gente faz mesmo e não um truque de personalidade. Da mesma maneira que alguém escolhe não atender quando ligo, passando por cima de tudo que culturalmente, machistamente, seria derivado de um censo comum. Escolha apenas. Sem pré-definição genética. Sem acréscimo da maré ou da astrologia aplicada.
Subi correndo o elevador, pelas paredes. E agora, cresço e mínguo a cada semana, num ciclo ritmado. Contrasto o abstrato da expansão corporal da presença que tenho com o concreto daquela barba que num efêmero momento me arranhou.
Escolhi todos os passos para me fazer lua. Não venha me dizer que não escolhi ser arranhada também.
Suzi, sem você meu cabelo não estaria tão grande.
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