E ela nem se deu ao trabalho de conferir se tinha alguma coisa fora do lugar. Entrou correndo no apartamento, sujou o tapete todo com o sapato sujo do forró e foi direto àquela gaveta. Revirou os papeis e então encontrou o envelope branco. De dois pontos seu então amor. Abriu cuidadosamente e tirou um bilhete dobrado, amassado, bem guardado. As letras borradas com algumas lágrimas que um dia foram tão reais quanto a alegria que estava sentindo ali. Respirou mais fundo do que deveria e teve a certeza de que nada fora em vão e de que exalou oxigênio demais, deixando-a tonta. Dobrou tudo do mesmo jeito tonto, guardou dentro do mesmo envelope tonto e ao invés de entulhar na gaveta tonta fez um furo e pendurou no mural. No canto, embaixo da caricatura, entre a foto da Simone e a moldura. Depois percebeu que sua vida estava enquadrada. E tudo era simples. E então, tirou uma foto. Postou, como se deve ser hoje em dia, numa rede social qualquer e dividiu com quem podia tamanha alegria de sentir-se completa e livre, talvez, quem saberia, pela primeira maravilhosa e singular vez.
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