Não sei se foi pelo som, pela lua e um provável eclipse, pela maré alta, pelas companhias quentes, pelos miados da Gerthrude ou por si só, pero que retorno de alguma cinza bem fininha e levinha que tinha se perdido aí entre tantos outros diminutivos que eu não gosto de usar. Estive mei perto, mei longe, estive entremeada a coincidências e facções de pensamentos que intrigantemente existiam e eu nem sabia. Estive perdida num alçapão de descobertas furtivas, usando sempre as mesmas palavras que eu tanto teimo em usar. Usando o eu pra escrever e esconder um ego mei magoado com o mundo, mas cintilante o suficiente pra rebuscar e ofuscar a sombra que as vezes alastra a minha varanda.
O som que estou escutando é tão sereno que invade meus cômodos, tão cômodos, tão sucintos e paira num mesmo ar por horas, até eu achar que esqueci e ele magicamente se perder no mesmo ar que antes se abrigava. Fica num vem e vai e balança alguma coisa aqui que não balançava mais desde uns tempos por aí. E aí é o mesmo Lamento Sertanejo, aquele que eu tocava na escaleta e vestia aquela saia vermelha e enchia o melhor ar dos meus pulmões. Logo eu que pensava que essas coisas de coincidências não existiam. Antes de tudo, forte, esse meu sertão fantasiado de sorriso. Antes de tudo um sorriso fingindo ser sertão. Antes de tudo um você, que se transforma em você, depois de tanto pó, e brinca de ser mar e largar logo dessa ideia de virar sertão.
Sempre soube de algumas notas soltas assim, de ouvido. Mas sei lá, nunca falei. Tem coisa que não se fala. Do mesmo jeito que a saudade sempre doeu e muito. Tem coisa que só se escreve. Há quem diga que tem coisa que só se toca, assim, pra alguém escutar. Com uma semínima se faz uma paixão. Mas uma só não faz verão. Aí então, se faz canção. Foi o que me fizeram. E eu voltei.
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