Tem três dias que eu não durmo, pesadelo, pesadelo, pesadelo, estou com uma prisão de ventre desértica, minhas unhas não param de crescer, meus cabelos estagnaram, não param de ficar curtos e lá fora o céu não para de mudar. Dia, noite. Dia, noite. Vem o sol, as vezes chuva e vem a escuridão, as vezes lua. As vezes venta e as vezes eu vou pro trabalho como se fosse pra praia no Caribe. Mas as vezes volto dele como se estivesse voltando de uma guerra civil em Luanda. Em pedaços.
Cata-me. Junta-me. Recomponha o que é preciso por. Refaça-me por favor, aos gritos de dor. Pinte-me. Lustre-me, ilumine-me. Vira-me. Transforme-me, cate o que se alastrou. Rebate-me. Crie-me. Infla-me pra mim. Não me deixe assim, um entardecer sem cor. Faça-me reerguida de novo. Viva-me. Viva-me, viva.
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