quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
igualzinha
Engraçado como ainda sinto o ar de férias. Ainda imagino que amanhã não tem aula e a chuva me faz acreditar que posso ficar acordada até tarde. Engraçado como a vida da gente faz assim ó. Pá. Quando viu, já foi. E aí esses dias voltei de viagem com uma menina no ônibus, que falava com a grandeza dos adultos, mas só tinha dezoito anos. E lembrei de mim, que sempre tive a prepotência da sabedoria enganada e pensava que o mundo era lá. O mundo nunca é lá. Ele é muito mais do que minha cabecinha naquele tempo podia entender. Mais até do que ainda posso. E aprendi. E aprendo como se fosse hoje o que perdi. Não parece, mas perdi muita coisa. Todos perdemos, acho. E a menina do ônibus falou de amor, de dinheiro, de futuro. Ela entendia e estava dona de tudo que era seu. E eu do outro lado, escutava cada palavra, cada expressão eu via, rímel nos cílios, três furos na orelha, piercing no nariz, namorado fixo, livro debaixo do braço, futuro traçado, trabalhando e estudando pra morar sozinha. Compartilhei tudo e no final ela disse que eu era a adulta mais interessante que ela já tinha conhecido, apesar de eu ter um blog, que ela achava cafona demais hoje em dia ter um blog, que blog era coisa pra velho. E eu sorria. Porque ela nem imaginava o quanto velha ela era.
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