Olhe só, preste atenção, que o que vai, volta. O tempo morde os tornozelos e dá até pra sentir no osso. Veja bem, que nuvem se renova todo dia, folha cai, flor nasce e gente vem. Dá pra descobrir vida no olhar que aparece. E quando se protege vida, ela não acontece. É que não precisa de capacete, joelheira, cotoveleira, air bag pra viver. Quando cai, bate, fura, machuca mesmo e tem que machucar. Se não dói, como é que fica? E ainda no barulho do sol nascendo todo dia tem sapo. Sapo gordo que parece amigo mas só é feito pra engolir.
E tem mão que não é feita pra andar junta, mas anda ué. Porque mão sente na pele o que o coração finge que não sabe. Tem abraço que não sabe dizer, mas acolhe braço fraco, tronco envergado, joelho torto. E quando a tarde cai não é errado pensar que se está sozinho, porque sozinho sempre se está. Às vezes não dá pra entender ficar sozinho quando outra solidão te ama. E tem o amor. Ah, olhe só, preste atenção, dele não vou falar. Mas veja bem, o que vai, volta.
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