terça-feira, 12 de janeiro de 2010

rastro.

Sinto que meu corpo está mais leve, mais preciso. Sinto pele firme, seca, nua. Agarro pelos cabelos o presente, que me presenteia com olhos passivos, mãos quentes, dedicatórias, declarações, agradecimentos e prazer. Puxo com força essa alegria espessa como se tragasse a fumaça mais leve que a natureza pode me dar. Calo, deixo à parte toda a dor e a confusão que me povoa. Às vezes sinto saudade de um passado inquieto. Não ligo, não. Hoje em dia, quem não sente saudade, não é mesmo? Gosto de apreciar meus passos delgados e feios em qualquer areia. Sempre vou deixando um rastro próprio, uma linha marcada com o dedão. Difícil de explicar, mas fica bom. Quem sabe me acha em qualuqer praia, duna ou terreiro. Estou aprendendo a fazer isso agora não só na areia como na vida. O tempo todo. Vou deixando rastro por aí. Marco o presente pra num futuro próximo o passado vir me cobrar. E eu cedo à felicidade. Abro mão de uma montanha de compromissos só pra rastrear, me encontrar e ser feliz. Como hoje. Como ontem. Como amanhã.

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