terça-feira, 7 de abril de 2015

eu não faço nada, permaneço.

Enquanto faço nada preencho-me de espaços vazios, de dúvidas, torpores, música e o restinho dos soís que aparecem nesse fim de março na minha janela. Por muitas horas acredito que estou no lugar certo, na hora certa, do jeito certo, plena e intensa de alegria e completude da vida. Essa coisa de criar palavras pra descrever possibilidades. Por outras muitas horas não. Acredito que, arredia, preciso correr daqui porque não é hora, nem lugar, nem desse jeito, nem temperatura de deixar as coisas irem acontecendo assim no gerúndio sem meu controle ou aprovação. Esses momentos de transição da vida são mesmo paradoxais o suficiente pra nos fazer dois. Metade vento, metade pedra. Pedrinha.

Enquanto faço nada penso nisso tudo que me preenche e me divide. E presto atenção no movimento das nuvens na varada de trás, sinto o cheiro da cebola na frigideira lá na cozinha, respiro o ar de quase chuva na beira do paraíba. E espero. Percebo as coisas pequenas. Percebo exatamente de onde vem tudo o que eu sinto. E então vejo que essa extrema e absurda Felicidade dessa vez vem sozinha. Sem nenhuma surpresa escondida no pé dela, ou enroscada atrás da orelha, debaixo dos cabelos ou no fundin dos ói. Ela é tão linda que as vezes se deixa ornar com amigos não muito queridos. Por mim, claro. Por ela ( Miss Felicity) não tem escolha, ela só ama mesmo. Tudin. E como dessa vez ela está sozinha e sem adornos, desses desgostosos, posso vê-la e senti-la por completo. E, oh my God, how she´s beautiful.  Tão linda que nem sei o que fazer.

E chego à conclusão de que, por não saber o que fazer com a Felicidade, eu não faço nada. Permaneço.


(para ser lido ao som de : True Affection, the Blow)
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