A falta que ela sentia dele era tão grande que as vezes ela o via atravessando a rua no corpo de um desconhecido. Era a falta da presença física, o porte, a respiração com o mesmo cheiro de bermuda amassada, as mãos, os pés, o chapéu, a cintura. Principalmente a cintura. Ela não sabia porque, mas o que mais marcava sua imagem, era a cintura dele. Que desviava. Que gritava antes do resto do corpo. Que chegava mais cedo. E claro, depois do físico estrutural e pesado, fazia falta a voz. Com o timbre certo. As palavras que sabiam onde ir. E fazia falta a incrível maneira com que ele sabia. Sabia. Sempre soube. A falta era um vazio, muito além do vazio metafísico das coisas. Era um vazio metafórico, lunar, em espiral, tendendo a neurose. Sem refúgio.
A falta dele era invisível.
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