Sintomas de hipoglicemia, música alta e frio chegando. Quando chega essa época é como se eu tivesse um start e começasse a viver de novo. Viver nas lembranças de todos os momentos frios (as melhores coisas que já me aconteceram foram no inverno), viver nas angústias benignas do dia-adia, viver na intensa reprogramação do futuro nas minhas mãos. Ah, como estou cheia de adjetivos cafonas e tremedeira ilustrada. É como se eu vivesse numa capa de livro, colorida, ritmada e estagnada. Mas no inverno me redesenho e visito tantas outras páginas em branco, a serem escritas, emolduradas e coloridas. Tadinho do verão, você pensa, fica renegado as suas dores? Não, mas é que o suor já me levou muitas coisas e tenho receio de não conseguir manter as coisas quando o tempo esquenta. As folhas vão caindo lentamente e o arzinho que entra pela janela do meu carro me lembra que não preciso de ar condicionado, não preciso ficar pensando em emagrecer, nem em passagens, nem em promessas, nem em dívidas, nem em alegrias insensatas. Fico pensando só no ceú, no cachecol novo que comprei, nos beijos, na cachaça e no feijão que vou preparar no dia das mães. O vento leva que precisa levar e sempre me traz a novidade congelante do inverno. E eu fico feliz, despreocupada e viva.
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