Agora é a hora do cara sozinho. Eu não gosto dessa hora. É a hora em que eu lembro de uma viagem que fiz fiz com meus pais, eu tinha quatro anos. E no hotel aonde a gente tava hospedado tinha uma piscina bem grande, dos adultos. Eu fui parar na parte mais funda, em cima de uma espécie de ralo, que me puxava lá pra baixo, e eu com muito esforço conseguia subir um instante, só pra pegar um nada de ar e ser chupado de volta pro fundo. Várias vezes. E tinha um adulto, que eu não conhecia, de bigodes, sorrindo, perto da borda da piscina, um hóspede que ficava olhando pra mim. Porque é que ele não me ajudava?
Na hora do cara sozinho, eu tenho medo que o homem da borda da piscina apareça.
(Felipe Rocha - autor e ator dos espetáculos Ele precisa começar e Ninguém disse que seria fácil)
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