Um beijo especial pra todos da quadragésima quarta turma de medicina do UniFoa. Eu, de verdade, amo vocês. (sou sensível sim, e daí?)
quinta-feira, 9 de junho de 2011
órbita.
Eu choro quando estamos reunidos porque sinto a angústia da perda. E essa mudança, inevitável, já me traz a falta antes mesmo de tudo acabar. Essa é a arte de sofrer por antecipação. E nem é bem um sofrimento. É uma dor não sentida, um lembrança já guardada e ainda nem vivida, é um tempo de começar de um ponto que nenhum de nós nunca chegou antes. É o frio de inverno próximo, que gela meus pés antes tão quentes e confortáveis. O conforto das ligações furtivas, das risadas despropositadas, do silêncio resignado meio cúmplice de uma besteira qualquer. Nosso olhares se cruzaram por seis anos e eu nunca morei tanto tempo na mesma órbita quanto eu moro na de vocês. É como viver por anos na mesma casa e ter de fazer a mudança em dois dias. Deixar pra trás o que tem de ser deixado, rasgar papéis antigos e começar vida nova. No nosso caso não há nada a ser deixado. É só começar vida nova com os guardados em mente. Não tem como queimar alegria na fogueira. A gente, que nunca teve nenhuma tristeza, a gente que soube cultivar tão bem a festa de estar. Estamos tentando arranjar motivo pra não ir embora. Mas já era. Já estamos indo. E o gerúndio dói mais do que o puxar do band aid de uma só vez. Minha maturidade é de vocês. Meus sorrisos e minhas lágrimas. Porque eu nunca choro sem motivo. Eu choro hoje por saudade.
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