quinta-feira, 9 de junho de 2011

órbita.

Eu choro quando estamos reunidos porque sinto a angústia da perda. E essa mudança, inevitável, já me traz a falta antes mesmo de tudo acabar. Essa é a arte de sofrer por antecipação. E nem é bem um sofrimento. É uma dor não sentida, um lembrança já guardada e ainda nem vivida, é um tempo de começar de um ponto que nenhum de nós nunca chegou antes. É o frio de inverno próximo, que gela meus pés antes tão quentes e confortáveis. O conforto das ligações furtivas, das risadas despropositadas, do silêncio resignado meio cúmplice de uma besteira qualquer. Nosso olhares se cruzaram por seis anos e eu nunca morei tanto tempo na mesma órbita quanto eu moro na de vocês. É como viver por anos na mesma casa e ter de fazer a mudança em dois dias. Deixar pra trás o que tem de ser deixado, rasgar papéis antigos e começar vida nova. No nosso caso não há nada a ser deixado. É só começar vida nova com os guardados em mente. Não tem como queimar alegria na fogueira. A gente, que nunca teve nenhuma tristeza, a gente que soube cultivar tão bem a festa de estar. Estamos tentando arranjar motivo pra não ir embora. Mas já era. Já estamos indo. E o gerúndio dói mais do que o puxar do band aid de uma só vez. Minha maturidade é de vocês. Meus sorrisos e minhas lágrimas. Porque eu nunca choro sem motivo. Eu choro hoje por saudade.

Um beijo especial pra todos da quadragésima quarta turma de medicina do UniFoa. Eu, de verdade, amo vocês. (sou sensível sim, e daí?)

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