quinta-feira, 20 de maio de 2010

inacabado.

Ixe, que de repente vem um monte de novidade junta e acabo descobrindo que gente junta, misturada, dá coisa boa à beça. E vem som e melodia alta, branca, lúcida. Discussão divertida que faz mais descoberta de admiração mútua e pouco fingida, sagaz e plana, reta. Toco triângulo como quem toca uma caixa de fósforo sem fósforo. O hit da noite se transforma de samba prum forró arretado e crio uma viagem fantástica e sóbria, cheia de cachecol, pluma, sorriso, cafuné de amigo. Da festa que saí antes, trouxe bem-casado pra todo mundo, mas não sobrou pra mim. Era casório simples, do bom e do melhor, porque não era felicidade fingida, exceto pelas fotografias recheadas de poses chatas. Mas era carinho amado mesmo. Dava pra sentir no intervalo das luzes. Depois, noite fria, abraço de lã e caronas com cheirinho de novo (porque eu adoro conhecer gente). Volante gelado, ronco namorado, edredom agarrado. Fritei ovo pra repor a vida que as vezes se esvai em tanta energia solta no salão. Respirei fundo da janela aquele cheiro de resto de noite vazia que vem e vai, vem e vai e como num relance histórico permanece na memória pra sempre e que parte dela é seletiva mesmo. Porque não dá pra guardar tudo que se tem. Não dá pra perder tudo que se ganha e nem dá pra quere buscar depois que se foi embora. Grunido pra deixar de lado o beijo marcado de notas e sons litorais que flui e as vezes parece que não tem mais. Mas tem. E sempre tem. Viagem chegando e eu buscando tio pra visita nobre. Dançando, cantando e por aí criando um novo universo de Domingo, que cabe numa sanfona ou escaleta. Ou nada, porque depois do sono pouco não tem mais garganta que cante. Só toca com sopro. Toco triângulo como um garnizé manco cacarejando pra conquistar seu puleiro. Chego rubra na doce casa quente. E aí descubro que foi dia recriado, cansado e valendo ouro. Daquela época que ouro valia mais que o próprio pulso. Só que hoje meu ouro pulsa sem valer pra fora. Só pra dentro. Quando pulso, inspiro azul, expiro verde. E vou pra rede, porque hoje a noite balança serena. E até dá pena de embarcar no descanso, porque ainda tem tanto pra vir, pra começar, pra descobrir e comemorar. Dorme singela, quero-te vida, para sonho e não para te velar.

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