quinta-feira, 27 de maio de 2010

dia nublado

A vida, ora essa, não passa de acontecimentos seriados. Fantásticos, drásticos, dolorosos, felizes acontecimentos. O engraçado disso é que nós, seres humanos bobos, tolos, imbecis, não sabemos viver. Seria tão simples dizer que para viver bastaria levar esses acontecimentos à frente, adiante e senti-los, dando o valor exato para cada um deles. Simplicidade a gente tenta, mas não é dela que é feita a vida. Pelo fato de sentirmos em excesso e em velocidade máxima acabamos não sabendo perceber cada acontecimento. Cada momento que deveria ser abraçado com veemência, dor, luta ou alegria, nós simplesmente deixamos passar. Hoje quem dita a vida não são esses momentos e sim os que estão por vir. Ninguém faz planos pro hoje. Ninguém espera que hoje seja um dia melhor. O futuro que já está na frente, sempre vem à frente dos nossos momentos preciosos. Ah se nós soubéssemos que o futuro nunca chega de verdade. Se nós soubéssemos valorizar nossos gestos mais minúsculos, nossos sorrisos mais discretos, nossas pequenas alegrias cotidianas o futuro estaria garantido sem nem precisarmos pensar nele. Pelo amor de Deus, parem com isso. Vamos parar de ocupar tudo com trabalho e ânsias imorais. Vamos deixar de lado grandes ambições patéticas. E por favor, não me taxem de otimista intelectual pacificadora. Eu tenho ondas de pessimismo. Tenho dores irrefutáveis. Tenho crises depressivas. Não sou o que me mostro. Mas uma coisa eu sei e não tenho vergonha de parecer vaidosa. Sei sentir. Sei perceber a vida. E me dói, como me machuca, ver que a maioria de nós não sabe, não sente, não vê.

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