domingo, 10 de janeiro de 2010

num dia de calor.

É que de repente, num dia de calor, a vida despencou sobre mim.
As luzes de natal poderiam ficar acesas por todo o ano. Assim elas alimentam a esperança que as vezes se esvai. Crescer dói. Machuca. Corta. Sangra. A solidão é mãe. Descobrir-se faz parte do caminho. Dá pra escolher as companhias. Dá pra selecionar o que se quer levar. É conversando que se entende. Mas é entendendo que se cala. E a omissão é um parto silencioso. Nada como o tempo. De vez em quando fingir não faz mal. Mentira também é moral. Crime é maltratar, é maldizer, é fazer sofrer. Felicidade é um bem. Cultiva-se. Molha todo dia, tira as pragas, põe adubo. Essa coisa de colher o que se planta é verdade pura. Absoluta na calmaria de ser o que se é. Quando se é fica tudo mais fácil. Mas se ser sozinho é um pecado. Ninguém se sente, se descobre sem o outro. Pra se ser é preciso toda uma multidão. Um companheiro pra vida toda saberia dizer e entender a vida. Saberia abraçar a dor e a mágoa. Saberia sorrir com lágrima perante o sucesso aflito. Saberia beijar olhos fechados. Saberia fechar os olhos para o incômodo.
Uma multidão na vida traz cada um seu pouquinho. E com um pouquinho de cada um forma-se o ser. E aí, num dia de calor, eu me dei conta de que sou multidão. E multidão é vida. E ela despencou em cima de mim.

Um comentário:

Unknown disse...

Tudo está despencando em cima de min. Não consigo reagir.Não consigo planejar e não consigo enxergar. Estou vivendo uma vida de aventuras, que nem sempre me traz surpresas boas. Me vi um pouco dentro desse texto.
Um forte abraço e um beijo.